terça-feira, 15 de março de 2011

CURSOS PREPARAM PARA COPA 2014

Gerente do hotel Tryp Berrini, Lina Giosa, com funcionarios que 
fizeram o curso para a Copa. Foto: ROBSON FERNANDJES/AE


CAROLINA DALL’OLIO
Além dos jogadores da seleção de futebol, outros brasileiros terão na Copa do Mundo de 2014 seu teste de fogo. Para funcionários de aeroportos, bares, hotéis, agências de viagem e restaurantes, o evento será a grande chance de mostrar qualidade no atendimento a 600 mil turistas estrangeiros e turbinar a carreira em setores que têm um futuro para lá de promissor. Mas para que tudo dê certo, é preciso muito treinamento – porém, nenhum dinheiro.
Hoje, associações empresariais de todos os setores que atuarão na recepção dos turistas do Mundial já oferecem, em parceria com o Ministério do Turismo, cursos gratuitos para quem trabalha nessas áreas. As aulas, que são divididas em módulos online e presenciais, fazem parte do programa Bem Receber Copa e têm como objetivo central preparar os funcionários para o evento. Mas não deixam de ser uma oportunidade para o trabalhador se qualificar e, assim, pleitear cargos e salários mais altos.
“Por se tratar de setores que empregam muita gente com baixa qualificação, quem faz cursos e se especializa, de olho no mercado de trabalho, tem grandes chances de ascender na carreira rapidamente”, analisa Sérgio Amad, professor de Relações de Emprego e Trabalho da FGV-SP. “E se um grande número de profissionais da área resolver estudar e melhorar sua formação, a tendência é que o setor ganhe profissionalismo e valorize mais seus empregados, pagando melhores salários.”
É hora de aproveitar
A Copa, no fundo, serve como pretexto. “É uma chance de treinar um grande número de profissionais”, reconhece Paulo Solmucci Junior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “As melhorias começam a acontecer desde já e são duradouras. Tanto o turista que vier do exterior quanto os brasileiros poderão ver diferenças no atendimento”, analisa.
Para Bruno Omori, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (Abih-SP), a qualificação profissional no setor pode significar, a médio prazo, aumento de 30% no salário. Ou até mais. “Uma supervisora de arrumadeiras que recebe treinamento pode se candidatar à vaga de governanta. Assim, seu salário médio passaria de R$ 1 mil para R$ 1,7 mil ou R$ 2 mil”, afirma Omori. “O curso cria a possibilidade de um plano de carreira.”
Lina Giosa, hoje com 31 anos, atua há 14 anos no setor hoteleiro e é um exemplo de que este mercado oferece boas chances para quem decide estudar. Ela começou a trabalhar como recepcionista, mas hoje já ocupa o cargo de gerente de um hotel da rede Tryp, na zona sul da capital.
“Os hotéis costumam investir muito na sua própria equipe porque, embora as coisas tenham melhorado bastante, ainda há uma certa dificuldade em encontrar mão de obra especializada”, conta Lina. “Por isso, as grandes redes oferecem treinamento constante para seus empregados.”
No fim do ano passado, Lina e mais 12 funcionários do hotel participaram do curso promovido pela Abih em parceria com o Ministério do Turismo. Foram ao todo 200 horas de aulas, parte delas feita pela internet e outras presenciais. “É preciso se reciclar sempre”, aconselha. “E ao trabalharmos na Copa do Mundo faremos parte da história do turismo nacional. É a chance de deixar uma boa impressão”, observa.
Luana Montalvão Santos, de 25 anos, é assistente de eventos e colega de Lina. E também fez o curso. Ela conta que os alunos aprenderam conceitos de ética e cidadania, para imprimir mais profissionalismo ao atendimento. Mas as aulas de que ela mais gostou foram as que tratavam da diversidade cultural dos turistas. “A gente aprende a tentar entender o que o cliente quis dizer, sem tirar conclusões precipitadas ou julgar a pessoa”, exemplifica.
Luana acredita que o curso pode abrir novas portas. Mas, por enquanto, parece mais preocupada com a Copa. “Estamos fazendo a nossa parte, nos preparando para receber os turistas. Agora, a gente só espera que as autoridades consigam fazer os jogos aqui em São Paulo, tudo direitinho. Nós queremos que os turistas venham”.

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